Coisas do futebol, parte II (e promete continuar...)
Depois da euforia de ontem, muitos dos “tugas futebolísticos”, que em vez de sangue a correr pelas veias, têm bolas de futebol, iguaizinhas às do mundial da Alemanha, andam por aí ainda a dormir, dormitar, descansar ou, ainda assim e em bom “tuga falado”, a roncar que nem uns porcos. Desta vez ninguém se mandou da estátua do Marquês de Pombal, em Lisboa, abaixo... Já estamos a progredir!
Mas deixando os devaneios futebolisticamente influenciados e os festejos igualmente propensos por tão heróica jornada no dito mundial (e se houvesse por aí um Camões entre nós, decerto teríamos que estudar na escola, daqui em diante, uns outros Lusíadas, com história moderna e outras façanhas que não os descobrimentos, heróica tarefa, mas branda quando comparada com as batalhas que se travam num campo de futebol), eu, enquanto mero espectador mais aproximado do sexo feminino, no que respeito diz a saber apreciar, interpretar e a vibrar com um “bom” jogo de futebol (e também no facto de apreciar muito mais uma bela mulher do que um belo jogador de futebol!), não gostei do jogo.
Faltou-nos aquela garra lutadora, parecia que estávamos pregados ao relvado, não corremos, não fizemos boas jogadas, faltou-nos o Figo que nos empurrou nos jogos anteriores... Em suma e sempre com base na minha interpretação pouco sapiente do assunto, não jogamos bem. Ah e tal é do cansaço, dizem alguns... Pois claro, pois claro...
Valeu-nos o S. Ricardo e ficou provado perante milhões de espectadores em todo o mundo que os santos existem, perante a incredulidade de tantas confissões religiosas que não acreditam nestes e muito menos nas imagens que os homens de outras crenças fazem, para os representar visivelmente perante todos os irmãos. Mas contra factos não há argumentos e podemos ainda utilizar como prova final a romaria que se seguiu a uma praça de Lisboa, por sinal onde está a estátua de onde se atiraram pessoas no festejo anterior; terá sido em holocausto a este novo santo, criado pela igreja do povo “tuga”? Talvez, talvez...
É que defender 3 penalties e raspar com a mão no único que entrou... só pode mesmo ser um santo milagroso.
Depois há quem diga e afirme que isto é tudo maravilhoso, que a auto estima de um povo até se poderá surpreender a si mesma com estes feitos, ajudar o país a crescer e tal e dito e feito será. Será pelo número de bandeiras e cachecóis contra faccionados pelas lojas chinesas, qual praga do séc. XXI, que se têm comprado por estes dias? Ou então pode ser também, pelo número de assinaturas extra que a SportTV tem conseguido angariar, através dos operadores de TV por cabo. Ou ainda, pelo número de cervejas que se vendem nos cafés em que se juntam multidões a ver os jogos... Pode também ficar-se a dever ao súbito interesse do nosso Presidente da República, pessoas extremamente expansiva e efusivamente entusiasta, ter dirigido mensagens à selecção de (quase) todos nós e assim passou a mesma a ser um desígnio nacional e não só, mas também nacionalista. Ou mesmo por termos um seleccionador que tão bem fala a língua do tal poeta chamado Camões que em cima já falei. Acho que já chega...
Ah faltam ainda imagens de felicidade suprema... de tugas extasiados... imagens sublimes...
Depois por outro lado temos as horas que se trabalham a menos, para ver os jogos; os “coffe-breaks” que demoram mais 10 a 20 minutos, em que se comenta o futebol e as façanhas do jogadores, bem como a festa que se fez em casa de não sei quem, com os amigos e a bandeira maior que se comprou, para substituir a antiga, já pequena para tanta glória, depois de mais uma vitória; as reuniões em que o futebol, em detrimento das tarefas profissionais se transforma no assunto a discutir e no problema a resolver; nas acções contraproducentes que são tomadas pelo nosso governo, à sombra ofuscante das notícias ditatoriais do futebol, na totalidade dos, já nosso pouco coerentes, media; da competência profissional que decai, devido à atenção e concentração no futebol e seus heróis seleccionáveis e do completar de “exceis” e outras porcarias relacionadas com o mundial, durante, claro e sempre, o horário de trabalho...
Chega?
Assim vai a vida, neste nosso país do mui digno, nobre e guerreiro povo Lusitano...
Com os melhores e mais respeitosos cumprimentos: O Velho do Restelo (sempre fui conhecido assim, antes de ser "O Comunista")
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