Livro - Cristo Revisitado
Como tudo o que seja ligado à religião me interessa, particularmente o debate de ideias, os meus colegas, alvo de alguns desses debates "calorosos", ofereceram-me o livro supra citado, de seu nome, Cristo Revisitado - reflexão sobre as divergências entre os Evangelhos e a História, de António Sérgio Pessoa.
O livro... não sei o que pretende ser... Um romance? Um livro histórico? Taxionomias à parte...
É interessante porque condensa muita informação que de outra forma teríamos que andar a procurar, interliga-a num fio condutor mais ou menos lógico e consistente. Pena o autor ser tendenciosamente seduzido a "desancar" em tudo o que diz respeito à religião, começando em Maria e José, passa a Jesus Cristo, estende-se aos apóstolos e por aí fora, até chegar à Igreja dos nossos dias. Podia, pura e simplesmente, como ele afirma no editorial do livro, cingir-se à disponibilização de dados, dar "pistas", remeter para a introspecção do que é realmente a crença, fé e ou religião, para cada um de nós, os leitores.
Mas não; o autor dá deliberadamente a sua opinião, ao longo de todo o livro, contrariando aquilo que afirma no início, criando uma corrente subtil e constante de "contra a religião", que é (segundo o autor) dogmática, ultrapassada, acabada. É pena que assim seja, pois a sua opinião é que revela um dogmatismo risível em relação à religião, baseando-se em dados "científicos" que sabemos (e o autor também o sabe), não serem correctos! Ou baseados em suposições mais ou menos fantasiosas ao abrigo das provas que a ciência nos dará (dá mesmo?)...
Ainda assim vale pelos dados históricos, religiosos e outros que compila e põe à nossa disposição. Tirando a tendência maldizente, leva-nos a pensar e a analisar numa maneira mais correcta cronologicamente (ou não, dado que muitas datas são puras especulações, tão correctas, à luz de um não-crente, como todos os dogmas serão verdade irrefutável, à luz de um crente) e precisa. Separa nomes, identifica locais, põe hipóteses, levanta suspeitas e isso é de louvar, tiremos a já referia, lamentável e dispensável tendência maldizente...
Analisa a existência de Jesus num cenário enquadrado na sociedade judaica daquela altura, a virgindade de Maria (lançando a suspeita de que o pai de Jesus seria um soldado Romano), a existência apagada de José, nos evangelhos (que apesar de ter dado a linhagem da casa de David a Jesus, não é realmente seu pai), a personagem Maria Madalena (que seria a esposa de Jesus, da qual deixou descendência), o ressuscitar (que poderá ter sido uma encenação "bem feita" de morte aparente), os primeiros apóstolos (que seriam irmãos de sangue de Jesus), os apóstolos dos apóstolos (que seriam "gentios", contra aquilo que Jesus veio, aparentemente, pregar), a fundação da Igreja (e todas as "guerras" que isso originou) e algumas crenças forjadas das quais, hoje em dia, a Igreja se aproveita.
Refere também algumas incoerências entre os diferentes evangelhos, entre eles e os restantes livros sagrados (que compõem a Bíblia) e mesmo entre apóstolos, Jesus e apóstolos, fies, etc, etc.
Lamentável, profundamente lamentável é a falta de cuidado em relação à ortografia. Erros ortográficos ao longo de todo o livro são uma constante. Uma melhor e mais cuidada revisão dos textos e teríamos todos a ganhar, principalmente a editora, VoxGo, que daria uma imagem de maior profissionalismo e dinâmica editorial.
Ainda assim recomendo a sua leitura...
Recomendo também outras leituras de autores que estão "do outro lado da barricada", mas isso fica para depois...
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