quarta-feira, setembro 06, 2006

Um apito, que é dourado, num país sem justiça


Outrora a cor dourada, associada quase que exclusivamente aos veículos automóveis de "cor mostárdá" (lê-se assim como se escreve e com a boca bem aberta), das tias da Quinta da Marinha, perdeu todo o glamour de outros tempos, ao estar associada a um dos mais... peculiares (recentes) casos, não só futebolísticos, mas sim de toda a sociedade portuguesa, alta ou baixa, magra ou gorda.

Mas acredito que a cor foi uma coisa totalmente aleatória neste caso, dado que poderia ser apito amarelo, verde ou vermelho (tirei o azul, para não dizerem que sou literal e frontalmente contra o F.C. Porto e o seu grande Pinto "presidente" da Costa.), mas poderia ferir susceptibilidades clubísticas, tão acirradas e implantadas na sociedade (a tal baixa ou alta, magra ou gorda) portuguesa, como o facto de termos que ir às compras, mais ou menos, uma vez por mês.

Ferindo ou não os mais fieis adeptos desta actividade, que em tempos já foi apenas desportiva e que dá pelo nome de Futebol (dizem as más línguas que é o maior motor da lavagem de dinheiro em Portugal), considero que este processo, o tal do Apito Dourado (espero que não desbote, porque senão vamos ver os árbitros implicados todos com as beiças tingidas de "mostárdá" (já sabem como se pronuncia...) e assim seriam facilmente identificáveis; fim do caso e resolução celeríssima para o que se chama de justiça no nosso país), é uma vergonha para todos nós.

Mais do que confirmar a podridão em tudo o que poderá estar envolvido o ser humano, mais que confirma que nós não somos de facto uma sociedade normal. Melhor; mais que confirma que, de facto, o futebol não se encaixa, nestes moldes, numa coisa que se quer séria, apaixonante e apaixonada. Mais que confirma que sim, que o futebol é um grande e obscuro negócio (alguns boatos que nos remetem ao tráfego de droga, lavagem de dinheiros, tráfego de influencias e por aí fora), que corre nas barbas (ou buço) de todos nós que apoiamos, vendo o futebol, mesmo na TV, contribuindo para a continuação da dinastia mafiosa que, desde há muito tempo a esta parte, se apoderou do futebol, qual capa de super-homem, em que o S deixou de o ser exclusivamente, pura e simplesmente, para passar a coexistir com símbolos de clubes ou de "bandos animalizados" de adeptos, mais ou menos (des)organizados.

Todas as provas (e as escutas são boas provas e já serviram para resolver outros casos), apontam para que exista coisa (além de que nunca há fumo sem fogo) por detrás disto tudo. Agora...

Porque é que ninguém quer limpar esta escumalha, de uma vez por todas?

Porque é que ninguém tem coragem de provar (porque já todos sabemos, temos olhos na cara, só falta provar!) que Majores, Bobys e Tarecos e seus chulos e capangas (mas não só) estão enfiados nesta porcaria até ao pescoço?

Porque não são alvos da mesma justiça que nós os magrinhos da sociedade?

Isto não é uma vergonha? Deixei de ver futebol, deixei de me interessar por isso, porque deixou de ser desporto e passou a ser uma lixeira, a mais nojenta das! É um retiro de gajos podres e obscenos da sociedade que se resolveram juntar, qual lar de terceira idade, num panorama que ninguém controlava, não só a nível nacional (que me interessa), mas também a nível internacional (a lixeira é gigante!).

Com o mal dos outros posso eu bem, mas cá dentro seria um acto de coragem (e já que o Sócrates afirma que a tem, mostre, mais uma vez, que sim que de facto tem-na) mexer, nem que fosse um pouco só, no futebol. Não pagam impostos, têm esquemas conhecidos de todos nós, combinações para pagamentos de impostos (que não cumprem e ficam por pagar) e nós ainda batemos palmas quando eles entram em campo, para nos distrair com os seus artistas e as suas habilidades com a bola?

Gosto mais de ver os elefantes a tocar o sino no Zoo de Lisboa, divirto-me muito mais e não tenho a sensação de que algo ou (muitos) alguém está a gozar comigo...

O poder de alguém ou algo numa sociedade, vai daquilo que quem a gere (normalmente os governos dos países) a deixa ter, por isso... Estão à espera de quê, para acabar com isto? Sou eu que vou fazer isso?

Aplaudi, aplaudo e aplaudirei todas as acções que forem tomadas para acabar com os tachos, esquemas e outras situações que, prejudicando meio mundo e favorecem (injustamente) dois ou três espertalhões. Assim aconteceu com o monopólio das farmácias, com uns tantos privilégios injustificados de alguns profissionais em detrimento de outros, etc., etc..

Estou ansioso e tenho as palmas preparadas para quando alguém decidir e tiver coragem de meter os Srs. do futebol no seu lugar (digo eu que será atrás das grades, talvez), mas temo que passe por cá e não seja digno de ter uma vida tão longa para ver isso acontecer.

Gostava tanto de ver um clube de futebol fechar (e não descer de divisão apenas, preparando-se para voltar a fazer o mesmo) ou o seu "dono" (presidente) ter os bens penhorados, por não pagar ao fisco, etc., etc.. Gostava...

Gostava também que estes tipos habilidosos fossem todos parar onde merecem. Gostava...

Podiam começar pelos que pintaram este apito desta cor, dourada, que um dia já foi quase exclusivamente associada aos veículos automóveis de "cor mostárdá", das tias da Quinta da Marinha. Era bonito e simpático devolver o bom nome e status social que esta cor já deteve...

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