quarta-feira, outubro 25, 2006

O nosso mundo, será mesmo nosso?


De todas as cassetes que já viu – desde a Pantera Cor-de-Rosa até aos 101 Dálmatas – a que o meu filho pequeno mais prefere é uma que eu trouxe da Amazónia e que o deixa fascinado a ver-nos deslizar de piroga no rio, a passear na aldeia dos Kayapós ou a ver os miúdos da aldeia a saltarem do alto dos ramos para a água, com gritos incompreensíveis, mas com uma alegria de crianças felizes que ele entende instintivamente e que observa, de olhos esbugalhados. Às vezes pede para ver «a cassete da Amazónia» antes de adormecer e já contou aos amigos, com todos os detalhes, como vai ser a sua própria expedição à Amazónia, quando for grande. Oxalá ele não me venha perguntar: mas o que é feito do mundo que tu viste e que a tua geração herdou?

> Miguel Sousa Tavares, Sul - Viagens, Oficina do Livro, Lisboa, Outubro de 2004, p. 36    

Vai daí e ocorreu-me que se calhar isto tudo não é nosso e não o devemos "explorar" como tal. Quem virá a seguir de nós o que vai observar? Decadência? Destruição? Um mundo em que, qualquer semelhança que possa ter com o mundo das cassetes, será mera casualidade?

Se isso acontecer, sintam-se culpados e, acima de tudo, muito, muitíssimo tristes!

1 comentário

Anónimo disse...

o mundo infelizmente n é meu.. mas o meu cantinho, a minha vila, o meu abrigo será smp meu.. e lutarei até n ter mais forças por isso..