Momentos, por entre a rotina (através da retina)
Para tentar manter elevados os padrões da minha escrita, não em termos de qualidade, mas meramente de quantidade, tenho que puxar pela memória e recordar os momentos matinais em que no comboio avisto Lisboa esplendorosa sobre uma luz. Um belo momento. Ainda mais belo porque acompanhando as imagens tenho, pelos auscultadores (nada de phones que isso é um estrangeirismo), uma melodia calma, suave e tranquila. Bela conjugação, magnifica e a pedir um click no botão de disparo da minha 350D
Lamento, mas nada feito!
Os vidros do comboio estão sujíssimos (se alguém da Fertagus daqui me ouve, limpem os vidros, se faz favor), depois ainda vinha meio a dormir e por fim nem todos os belos momentos se devem fotografar; alguns, os melhores, devem-se saborear ao máximo, como se pudéssemos nunca mais ver algo igual.
Infelizmente vai acontecendo, não com uma cadencia tão baixa quanto se desejaria. Momentos esses em que mais tarde, ao fecharmos os mesmo olhos, ao ouvirmos a mesma música, apenas nos surgem restos de uma rotinha, em imagens desfocadas e ritualistas, de momentos maquinados numa linha de sucessões nada novas, mas em tudo velhas conhecidas de quem observou o sublime momento que já não se recorda.
Assim, observei, interiorizei, guardei para mim aquela imagem magnifica de uma Lisboa resplandecente sob a luz do sol matinal, nem forte, nem fraca, ideal. Uma Lisboa que olhada assim parecia perfeita e criada para estar naquele sitio, aquela hora, com aquela luz. Tudo perfeito para um disparo, tudo perfeito para captar a harmonia de uma cidade que nasce e acorda para mais um dia agitado, mas está divina, acompanhada pela melodia ideal, num momento rotineiro, de passagem, fugaz, mas digno de ser lembrado.
Os mesmo olhos, mas fechados, a mesma música, noutro local, noutro tempo, por certo um instante que recordarei e, prometo que se a Fertagus limpar os vidros, vou tentar fotografar algum semelhante.
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