quarta-feira, março 14, 2007

Crónicas de um cansado matinal


Xiça, já estou atrasado novamente!

Tem sido assim, acordo invariavelmente tarde e não compreendo porquê. Tenho-me deitado estupidamente cedo, porque me tenho sentido mais cansado do que os cansados e aparentemente não tenho razões para isso... E ainda assim, de manhã, torno-me a sentir cansado e, quando o despertador toca, viro-me para o outro lado, é só mais cinco minutos, com aquilo em altos berros e de cinco passam a dez, depois a vinte... O desfecho; apanho os transportes públicos fora de horas e chego invariavelmente atrasado ao trabalho.

Durante a viagem olho pela janela perdido na paisagem que nestes dias de sol matinal tem estado fabulosa. Não fossem os vidros sujíssimos ainda com os resquícios de sujidades das últimas chuvas, afinal ainda à uma semana e meia atrás estava a chover, tiraria umas boas fotos. Acho eu... Afinal é para isso que ando sempre com a máquina, lentes e todo uma série de apetrechos fotográficos a trás, diariamente! Mas ultimamente não me tenho safado muito, não fossem alguns passaritos que me surgem pelo caminho, mais ou menos inesperadamente e acartar tudo aquilo às costas, seria meramente um sacrifício físico.

Já fora dos transportes, na caminhada que tenho que executar, normalmente em marcha lenta ou moderada e aproveitando os momentos de liberdade, antes da clausura diária de quatro mais quatro horas, com uma de intervalo para a bucha, reparo numa senhora mais ou menos equilibrista. Como é possível andar com saltos de agulha nas calçadas portuguesas, sem lesionar qualquer membro inferior!?! Devia mostrar a todos a sua habilidade... Ir para o circo, talvez... A um programa de TV, de novos talentos... Sei lá...

Cheguei. Trinta minutos depois da hora que era suposto, mas cheguei. Ao olhar para o prédio vejo como prefiro estar lá dentro do que cá fora, pois a estética moderna do edifício ao lado de outros de outras tendências e épocas, é um verdadeiro urbanismo abarracado que caracteriza a nossa capital na parte das avenidas novas e do qual me envergonho. Ah como gosto das zonas históricas, degradadas, mas ao menos coerentes em termos paisagísticos.

Um degrau, outro degrau, um patamar, mais degraus... Clausura!

Agora só voltarei a ser eu daqui a sensivelmente três horas, três horas e meia. Aproveito uma hora para folgar um pouco, mais quatro horas e repito o percurso ao contrário e quem sabe se com ele os pensamentos... Serão outros? Serão os mesmos?

Não sei.

Ao menos voltarei a ser eu, em liberdade e com espaço para pensar em trivialidades, com autorização para livremente pensar naquilo que quiser e não naquilo que me pagam para eu, forçadamente, pensar.

Até lá...

2 comentários

Anónimo disse...

verdades incondicionais aqui escreveste!!

e se ficas mais descansado: não és o unico a ter o problema de levantar, o problema de chegar atrasado, o problema de ficar enclausurado.. enfim.. e no regresso a casa novos pensamentos com alguns a serem revisitados.. :)

*beijinho*

Anónimo disse...

Vamo lá ver se é desta que consigo mandar um comentário...Pois é meu caro eu padeço do mesmo mal, acordar cedo é um martirio...mas eu é ao contrário de ti, vou para a margem Sul sempre a pensar na cama quente que deixei.
Beijokas
Maria Pequena