segunda-feira, abril 02, 2007

O povo (des)unido


Embora discordando da importância que se tem dado à eleição dos grandes portugueses, considero que é estupido alguém, seja de que idade for, desde que tenha saúde mental e dois palminhos (não palmos, vá, palminhos) de testa, considerar Salazar um “grande” português...



Daí a exultar com o seu “regresso”, é um tirinho e daí a ficarmos ainda mais na cauda da europa, é outro tirinho. Já o tinha dito aqui...

Evidentemente que o “Povo Unido” só subsiste nas canções de boa memória e no imaginário colectivo, do tempo em que todos éramos camaradas fraternos de uma luta enfim ganha e em que a utopia de uma sociedade sem opressores se tornou rapidamente nos opressores sem saciedade, em que o lutar para ganhar se tornou no tramar para poder gamar.

Salazar está morto e enterrado! Só reaparece porque representa um ideal comum de boa imagem colectiva, em que o “Povo Unido”, que nunca mais foi vencido, tinha o papel principal e fazia a sua própria história.

Só reaparece porque hoje esse Povo está disperso, desunido, individualista e individualizado.

Só subsiste porque alguns elementos do dito povo subiu e onde antes estava Salazar, orgulhosamente só, estão agora os outros que outrora cantavam, que o povo unido jamais seria vencido. Mas esqueceram-se rápido e, de um Salazar derrotado e ridicularizado, nasceram muitos, com a mesma avidez e prepotência do outro, disfarçados de engenheiros, doutos conhecedores da realidade e mestres de teses elaboradas em escritórios, bem falantes e bem vestidos, que ousam continuar a cantar a música que já não lhes fica bem e ofende a quem a cantou em tempos idos e insulta quem a sente como sua e parte integrante de uma ideologia que não vingou.

Agora, o Povo Unido, continuará a ser esquecido...

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