Uma lição

Lidar com pessoas mais velhas nem sempre é... enfadonho. Pelo menos quando essas pessoas mais velhas nos têm algo a ensinar e não gastam apenas os seus (já poucos?) dias com lamentos, lamurias, queixas, padecimentos e sofrimentos.

É um exemplo ver e ouvir e sentir uma pessoa com 98 anos, por acaso minha bisavó, a cantar e a dançar, a rimar, a falar com consciência daquilo que está a dizer, a contar histórias a rir, sorrir e divertir quem está a sua volta.

A gostar de viver, a amar a vida, a espremê-la até à última gota de sumo e a sentir que todos os anos ainda não são poucos e que estará cá enquanto a deixarem e que, nesse tempo, estará para marcar presença, fazer-se sentir e se divertir, acima de tudo.

Quantas vezes já me deixei ir abaixo por coisas ridículas, por sofrimentos que eu próprio criei e me impus, obstáculos simples de superar mas nos quais teimei em esbarrar, buracos que me pareciam fossos e que afinal não passavam de suaves declives no solo da minha vida!

E a minha bisavó, com 98 anos, tem mais alegria de viver do que eu, brinca mais do que eu, faz mais graçolas do que eu, tendo passado por certo, muito mais privações, dificuldades e adversidades do que eu, na sua já longa e linda vida.

Resta-nos então aprender e ver que, afinal, a alegria de viver é tudo o que nos resta, aconteça o que acontecer e duremos o tempo que durarmos, só com alegria podemos dizer que, realmente, vivemos!