terça-feira, maio 30, 2006

Diálogos (eu gesticulei, tu interpretaste), monólogo e calor


Depois do almoço e andando pela rua, sou interpelado:

- ? (seguido de um entender, na minha direcção, de uma placa onde uma folha com uma petição estava pendurada. Não percebi bem; petição do quê...)
- ! (ao mesmo tempo que abano a cabeça da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, gesto que repito duas vezes)

A "conversa" ficou-se por aqui, sem segundos sentidos e ou segundos entendimentos, simples e claras como se querem todas as "conversas" com desconhecidos... Seguimos caminhos em sentidos apostos...

Umas ruas mais à frente... "Ouça, dê a mão à mãe, mas não a aperte, está a ouvir? Não aperte a mão à sua mãe, ‘tá bem?". Apresso o passo que aqui não se aprende nada...

Adiante, na passadeira, sinal de cuidado para com os peões, amarelo intermitente, vem lá um Táxi... "É mesmo à frente deste que me lanço", penso e executo quase simultanea e instintivamente. Travagem! Aponto para o sinal. O taxista levanta a mão em gesto de desculpa ou cumprimento, fiquei sem saber. Devolvo o gesto com a mesma indefinida intenção; cumprimento ou pedido de desculpa? Acho que o taxista também ficou sem saber...

Sigo caminho, entro no prédio, sento-me e escrevo isto. Devia estar a trabalhar, mas depois de tanta interacção humana e tantos e intensos diálogos à hora do almoço, sinto-me cansado. Respiro fundo... Lá vou eu outra vez! Trabalhar, pois claro...

Está calor lá fora, ainda bem que aqui dentro existe ar condicionado. Nem tudo no gesto rotineiro e diário de vir para o trabalho, depois do almoço, é necessáriamente mau ou redutor da nossa essência humana. Tal como todos os animais, procuramos o fresco nos dias de intenso calor. Aqui, sinto-me bem... está fresco!

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