sexta-feira, outubro 13, 2006

Diz nos livros que...


Aprecio, no entanto, que use a expressão meio tonta de «fazer amor». Do mal, o menos. Toda a terminologia oficial referente ao acto briga com os meus ouvidos. Cópula lembra-me, irresistivelmente, vaso de vidro entre o copo e a campânula. Fornicação soa-me a empresa fornecedora de cação. E coito é um horror. Não há erecção que resista ao balbuciar de tal palavra. Nunca encontrei confirmação escrita mas estou certo de que foi a partir de coito que nasceu o termo coitado. A perspicácia popular descobriu a relação de nexo e sexo. Ser coitado ou estar fodido são uma e a mesma coisa.

Coitado, foi a palavra que me dedicou o Isaías – coitado – quanto assustou a Sara com enfermidades horríveis que estariam a minar-me o cabedal. Poderia ter dito «O Gabriel está fodido», mas a relação com a Sara não permite destemperos da linguagem.

> O Código D'Avintes, 2ª edição, Oficina do Livro, Lisboa, Junho de 2006, p. 84    

2 comentários

Rita disse...

ja leste? recomendas?

PE disse...

Agora sim já o li do principio ao fim.
Se recomendo? É giro e nunca se perde nada em ler... :-)