terça-feira, janeiro 16, 2007

Frio vs calor


Há coisas que me deixam de rastos. Coisas que imagino a acontecerem à minha pessoa e que não gostaria nada que se passassem no meu pequeno quintal no mundo. Coisas que não sendo inultrapassáveis seriam de uma dureza cruel. Coisas que felizmente não se passam comigo, mas que infelizmente se passam com muitos outros.

Por exemplo, já aqui falei do desemprego e de algumas tarefas “menos dignas”, a que alguns chamam de trabalho (mal) remunerado e que as pessoas têm que, ou melhor, são obrigadas a desempenhar para sobreviver...

Não imaginam o que me custa receber na caixa de mail do meu trabalho CV quase diariamente e aos quais nada posso fazer... Custa-me sempre, mas custou-me mais um de uma pessoa de 42 anos. Xiça, depois de quase uma vida de trabalho ser-se assim descartado, despojado, recusado, posto de lado... Deve custar muitíssimo!

Enfim...

Depois há coisas que, desejando ter para mim, me levam também a recordar alguns bons momentos. Momentos mágicos em que tudo o mais não interessa a não ser aquele momento em si mesmo e que por si só, bastaria para vivermos o resto dos nossos dias. Só aquele instante e mais nada!

Momentos como olhares entre pessoas que se amam, não o amor da paixão que é efémero, intenso, arrasador e arrebatador, mas aquele amor da cumplicidade e da partilha, em que o olhar mais do que vê, penetra, partilha e acarinha a pessoa objecto do nosso amor. Em que o mundo congela e que não percebemos o que demais se passa à volta, em que o olhar requisita todo o nosso ser e apenas somos naquilo que os olhos vêem e transmitem. Intensos, profundos, transparentes, bonitos... E o sorriso que depois se origina, a felicidade que tudo isto irradia; aí está um momento que mais do que mágico é revigorante.

Quem ainda nunca sentiu isto?

Venham-me cá explicar isto com evolução das espécies e com a nossa superioridade evolutiva, em relação a tudo o resto...

Eu responderei que lamento profundamente que a procura das razões e da origem do ser e o compreender tudo, consiga ofuscar alguém de tal modo, ao ponto de os tornar incapazes de olhar com esta intensidade para o que os rodeia e compreender assim que tudo isto é uma imensa prova de amor. Não de alguém antropomorficamente semelhante a nós, a que chamamos carinhosamente de Deus, mas de “alguém” intangível, superior e imensamente inteligente, que mais que provar, mostra, que num só olhar se podem encontrar as razões mais válidas e profundas deste mundo.

E acredito que também do outro, dos outros e de todos os que possam existir!

1 comentário

Vera disse...

começaste com o frio, com a tristeza... mas acabaste com o calor e o amor.. :)

gostei do q li.. :)

*beijinhos*