Em Soeirinho, dia 2...
A salamandra afinal não é um bicho nojento e peçonhento! Bom... pegando numa, fica-se um bocado pegajoso, mas sai facilmente com água corrente. Êh, as teorias, os mitos urbanos do mundo evoluído; qualquer dia pego numa osga, bicho igualmente repugnante (mas confesso que a osga até eu acho um bocado... “suspeito”) nas ideias taxionómicas de categorização da bicharada, pela malta da cidade (e não só).
Nome comum - Salamandra-de-pintas-amarelas
Nome científico - Salamandra salamandra
Hoje percorri as serras despidas devido aos incêndios que ocorreram no concelho da Pampilhosa da Serra, em Agosto de 2005. Uma coisa dantesca em que 80% do concelho (o segundo maior do distrito de Coimbra e um dos maiores a nível nacional, com 396,5 Km2, por isso facilmente se conta que arderam cerca de 300Km2 nesse mês, ou melhor, nesses dias em que duraram os incêndios, para ser mais preciso, cerca de uma semana), ficou reduzido a cinzas!Nome científico - Salamandra salamandra
Muitos madeireiros, a “roubarem” das serras os pinheiros queimados que ainda não tinham apodrecido completamente e se apresentavam mais ou menos aproveitáveis para coisa alguma. Alguns a cortá-los, outros a carregá-los para os camiões, mas ninguém, nicles, népia de gente a plantar. Nada, vazio, ausência... Como se pode a floresta regenerar assim?
Como em todo o país o que arde, ardeu e para sempre desapareceu! Ninguém planta ou refloresta sob a desculpa de que daqui a uns tempos tudo arderá na mesma e novamente e irão perder tudo e por isso não vale a pena o trabalho e gasto.
Depois vêm os culpados... Incúria do poder central, dos bombeiros que estão desarticulados, os meios que são insuficientes e por aí... E acrescento eu; desinteresse, abandono por parte dos donos dos terrenos não? É certo que já ninguém ou quase ninguém vive da floresta, mas isso não é desculpa. É brio, é gosto, é...
Tudo isto, penso eu enquanto olho as serras despedidas e ainda negras, acontece pelo país inteiro, pelo Portugal cada vez menos verde. Este país, habitado por outro tipo de pessoas, principalmente com outro tipo de mentalidade, poderia ser um paraíso (ainda o vai sendo, cada vez menos é certo), invejado e ambicionado por muitos outros países! Assim caminhamos a passos largos para a desertificação, não só em termos humanos, mas também e fundamentalmente em termos de flora e fauna e com estes as tradições, conhecimentos ou histórias antigas.
Perde-se a tradição oral e nem a escrita nos salvará de uma perca de identidade brutal e irreversível; aqui e não só aqui, o nosso país está a desaparecer a todos os níveis, sem que ninguém se importe muito com isso ou faça algo para o contrariar!
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