terça-feira, março 27, 2007

A função pública (ainda) é um monstro!


E difícil, se não impossível de dominar a curto prazo

Escusava de vir aqui bater mais nesta tecla, mas há coisas que me dão muita urticária e, como não convém coçar, a modos de que para me aliviar, da revolta que sinto sempre que tenho que contactar com um qualquer destes serviços públicos altamente ineficientes e nos quais a impunidade reina, escrevo. É o único consolo que me resta.

A semana passada, precisado que estava de uma certidão de uma das muitas conservatórias prediais de norte a sul do país, para lá me dirigi, o mais cedo possível, porque a malta trabalha e tem mais que fazer do que andar a tirar horas de expediente, por direito do patrão que nos paga o salário e, mais ou menos indirectamente, nos sustenta e nos alimenta alguns vícios (ou não) e ou nos permite ter casa própria, carro, etc.

Depois de quase uma hora de espera, demoro cinco (5!) minutos a pedir o que queria. “Só quinta-feira que vem”, dizem-me. “Minha Sra. isso é impossível, pois preciso dessa certidão para mostrar onde ma pediram precisamente na próxima quinta-feira. Tem que ser antes”, replico. “Impossível! Estamos a entregar as certidões com quatro dias, por isso só mesmo na quinta-feira, mete-se o fim de semana... Não dá mesmo!”, riposta. “Mas disseram-me que isso agora se fazia na hora...”, pressiono eu... “Não, não, não pode ser que isso tem que ser reconhecido e por isso não pode ser na hora.... Mas deixe-me cá ver... quarta-feira, pode ser?” (está a melhorar) “Não pode ser antes na terça-feira? É que ainda tenho que levar isso ao advogado...”, suplico. “Prontos (o S depois do pronto é imagem de marca), terça-feira, mas não lhe prometo nada, mas se não estiver peça para falar comigo, está bem?” (perfeito! Com que então não era possível de todo...) “Muito obrigado. Já agora, pode-me dizer o seu nome?” Lá me disse o nome.... Era parvo, pedia para falar com a tipa e nem sequer lhe sabia o nome... Olhe queria falar com a Sra. que me atendeu no outro dia... Enfim...

Pouco convicto de que estaria pronto na data que me indicaram, afinal era um enorme favor que me estavam a fazer, lá vou eu, novamente cedinho. Espero um pouco à porta que abra (afinal eram oito e cinquenta e oito; faltavam ainda dois preciosos minutos para abrir ao público; nada de abusos). Sou o segundo da longa fila que já se formou neste dois minutos (se não poderiam ter ido despachando as pessoas).

“Bom dia. Vinha cá buscar esta certidão” e entrego o papel ao mesmo tempo à funcionária que me atende desta vez. Olhou, levantou-se e foi procurar... Aqui não está.... hummmm, ali também não.... acolá, nada, além tão pouco... Mau, penso eu, isto está-se a compor para a peixeirada... Entretanto entra a Sra. que me atendeu... Ao menos já tenho culpada!

Nada disso. A Sra. vai ao livro onde isso teoricamente estava, faz as fotocópias da praxe, agrafa tudo, imprime a folha que certifica que foi ali feito a data X, assina, imprime recibo e está feito, bom dia e obrigado. Quinze minutos depois estou despachado com a certidão feita na hora, coisa que era impossível, tinham-me dito no primeiro dia que lá fui. É brincar com a tropa, é não ter respeito por todos nós! Pensei maquiavélicamente que adorava apanhar um destes funcionários necessitados de uma coisa que dependesse de mim; o que haveriam de sofrer!!! Mas não sou assim. Acho que os ia ajudar na mesma... Mas lá que mereciam...

Com esta atitude de complicar o que é fácil e adiar o que se pode fazer na hora, nem com simplexes ao quadrado lá vamos! No mesmo barco, uns remam para a frente, outros para o lado e outros ainda para trás. Andamos às voltas e não saímos do mesmo sítio, ou seja, da cauda da Europa, atafulhados em papeladas, hierarquias e despachos que esbarram na má atitude dos funcionários públicos.

E ainda não acabou por aqui! Ainda há material para mais uns textos, mais uns episódios dignos de novela que observei nesta conservatória... Suponho que se alarguem a muitas outras conservatórias por esse país, das simplicidades confusas, burocráticas e apenas legisladas que não implementadas, fora.

Mas nada de generalizar. De certeza que haverá honrosas excepções...

1 comentário

Vera disse...

tiveste sorte teres apanhado uma gaja que até foi com a tua cara!!! pois a mim já me aconteceu o msm e infelizmente n tive a msm sorte!!

fiz choradinho identico, mas nada! nop.. n pode ser!! só msm daqui a n sei qtos dias.. pois n sei se reparou nós aqui n trabalhamos o tempo todo!!! tb nos coçamos!!!! foi só o q faltou dizer... :\

como eu adorava ser ministra!!! :D

*beijos*