segunda-feira, julho 16, 2007

Eleições e ilações


Nas eleições para a Câmara Municipal de Lisboa, venceu a mediocridade dos políticos. Venceu a verborreia de quem fala apenas porque assim é obrigado e porque tem que ser, dado o vazio que se lhes conhece de capacidade, saber, querer e ou conhecimento de causa. Venceu, apesar do tempo menos bom que se fez sentir, o lazer, qual distracção de quem não quer olhar à sua volta e ver que de facto, o rei, os lacaios e o país em geral vão nus.

Será sem sombra de dúvida mais um alerta a todos os dirigentes políticos, políticos em geral, amigos e identificados com alguma cor partidária. Com certeza e sem qualquer tipo de dúvida os únicos culpados de toda a crise de participação cívica do povo que os elege, não porque com eles se identificam ou neles acreditam e se revêem, mas porque alguém tem que lá estar para dirigir “isto”.

É lamentável que no meio de toda esta hipócrita mediocridade, ainda haja alguém que consiga gritar vitória e se consiga satisfazer com uma votação que espelha bem o grau de desalento e desencanto a que chegaram os portugueses, face à classe política.

É que nem o “Sr. Presidente da Banda” se safa. Clama e cumpre orgulhosa e escrupulosamente os seus deveres, proclama bem alto os nossos direitos e deveres, mas como exemplo não serve. “Só” recebe duas reformas chorudas, mais o ordenado que lhe compete e bem, do exercício das suas actuais funções. No entanto, quem o ouve falar, esquece-se logo que como primeiro ministro foi desastroso e que como presidente tem o rabo preso como todos os semelhantes a ele, por regalias que, por acaso, foram estendidas e ampliadas durante os seus dez anos de (ruinosa) governação.

De facto são direitos que foram criados para eles próprios, exclusivamente para eles, sustentados por leis válidas e vigentes, não ponho isso em questão. Mas uma coisa que está legalmente correcta, válida e (infelizmente) aceite, estará moralmente abaixo dos mais cruéis e sanguinários assassinos.

Sem moral, como podem dirigir o que quer que seja e tentar ser o exemplo a seguir? Sem razão, como podem defender que têm direito aquilo que injustificadamente conseguiram, não por seu mérito mas sim porque o fizeram para si mesmos? Com telhados que já nem vidro têm, como podem vir acusar seja quem for de desinteresse, falta de civismo ou alheamento na decisão do futuro do país?

Não é falta de interesse, é a triste e lamentável constatação da dura realidade de saber que tudo continuará na mesma e que, mudando as moscas, nada mudará no essencial, porque o resto do cenário permanecerá na mesma. Ou ainda pior, com o acumular daquilo que ninguém deseja para si, para os outros e para o tão apregoado, futuro do nosso país!

Se tivessem vergonha... mas não têm!

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